A origem da frase Até tu, bruto
Em 44 a.C., uma conspiração brutal estava sendo tramada. O grande general Júlio César havia sido proclamado Ditador Vitalício de Roma, e muitos dos que faziam parte do governo temiam a instauração de uma terrível tirania.
Aproximadamente 60 senadores tramaram o ato. Foram em bando, com Caio Cássio Longino e Marco Júnio Bruto liderando. Tão logo a reunião do Senado começou, cercaram Júlio César, que estava acomodado em sua poltrona, e começaram a esfaqueá-lo. O ditador até esboçou alguma reação, mas é difícil afirmar quais foram exatamente suas palavras.
A frase
Entre as possíveis frases proferidas pelo ditador brutalizado, sabemos que “Até tu, Bruto, meu filho?” não foi uma delas. Essa frase é uma criação de William Shakespeare, na Tragédia de Júlio César, escrita em 1599.
A sentença mais aceita aparece na obra A Vida dos Doze Césares, escrita por Caio Suetônio, 165 anos após o assassinato do ditador. Quando César viu seu amigo Marco Júnio Bruto no meio dos responsáveis pelo assassinato, ele teria vencido a dor e agonia para exclamar “Kai su, têknon”. Dita em Grego, considerado mais nobre e erudito que o Latim, a frase significa algo como “Você também, menino/moleque?”.
O próprio Suetônio não acreditava que César teria dito qualquer coisa, mas afirmou em seu texto que algumas pessoas creditavam a ele essas palavras finais.
A morte do homem mais poderoso do Império Romano teve pouco a ver com as cenas de poetas como William Shakespeare, mas tem todos os elementos de uma grande tragédia: cenas de intriga, maquiavelismo, traição e, a julgar pelo que dizem os escritores da Antiguidade, até avisos proféticos que foram ignorados.
O assassinato, porém, não teve apoio popular e acabou levando a uma guerra civil e ao fim da república. O Império Romano seria, de fato, tirânico.