O que é o meme do Dorime?
Vocês já viram por aí um pessoal falando “Dorime Ameno” nas redes sociais? Não entendeu nada? A gente explica. Mas, prepare-se, é uma história bem maluca envolvendo uma música new age, Bob Esponja, transmissão de videogame e, recentemente, um toque brasileiro de bregafunk.
Diferente de outras zoeiras das redes sociais que usam acontecimentos recentes, “Dorime” tem uma história por trás que data de algumas décadas.
O que é Dorime?
Em 1996, o grupo francês de new-age Era lançou “Ameno”, uma música com tom de sagrado e cantada por um coral que fez sucesso na Bélgica e na Alemanha. O conjunto tinha como objetivo falar sobre inspirações e otimismo e, para isso, usavam palavras de um pseudo-latim. As letras costumavam ser uma composição sem sentido, ou usavam palavras que soavam como latim, mas que eram totalmente inventadas e ignoravam as regras do idioma na qual foram inspirados.
“Dori me” – sim, é escrito separado – é repetido diversas vezes meio da música e não apresenta nenhuma tradução correta, mas seria algo como “a minha dor”, e a música em si, um “pedido de ajuda” para amenizar essa dor.
Ouça abaixo.
Por que Ameno voltou a fazer sucesso?
Você deve estar se perguntando o porquê de uma canção de 24 anos atrás ter voltado a fazer sucesso e se tornado viral. Tudo bem, a gente te explica.
Em 2014, o gamer Noxious usava “Ameno” como trilha sonora de suas transmissões de Hearthstone no Twich e os seus espectadores começaram a citar trechos da letra no chat do jogo, como “Dorime?”, “Ameno!”, e mais.
E, como muita coisa na internet, a brincadeira acabou aumentando e não se limitou mais ao mundos dos games.
Patrick Estrela e os Ratinhos
A zoeira de usar “Dorime” e “Ameno” para demonstrar drama e profundidade no que estava sendo dito começou a se consolidar na internet.
Patrick Estrela, de Bob Esponja, foi um dos primeiros a ganhar a sua própria versão do meme aparecendo com as mãos juntas, como se estivesse rezando.
O personagem ganhou até mesmo figurinha no Whatsapp.
Mas, a versão mais popular e divertida foi a que também o consagrou: os Ratinhos Dorime, com imagens de ratos vestidos como se fossem do Alto Clero da Igreja, brincando com a música que parece ser sacra.
Então, o meme começou a ser usado à exaustão no Twitter.
E, como o brasileiro não conhece o conceito de limites, até tatuagem já foi feita em homenagem à brincadeira.
E, claro, o Ratinho virou uma fantasia de carnaval.
E aí mais remixes surgiram, como uma versão bregafunk da dupla de MCs Schevchenko e Elloco, de Recife.
https://www.instagram.com/p/B562l8Rntdc/?utm_source=ig_embed
No post acima ele estava apresentando o trabalho para Tico Fernandes, da equipe do Kondzilla, o maior produtor de funk do país. E, claro, já surgiram clipes não-oficiais para a música:
ameno ameno pic.twitter.com/IRkgBlCEbY
— mel (@meltedvideos) December 13, 2019
Mas temos mais versões brasileiras, de menos sucesso, como forró e a passinho:
Tales of Dorime: Ameno’s Rescue
E quando pareceu que não havia mais nada a ser inventado baseado no meme, dois estudantes de Sistemas de Informação na UNIRIO, Daniel Andrade, de 27 anos, e João Vitor Sousa, de 21, desenvolveram um jogo no formato de metroidvania, inspirado nos Ratinhos Dorime, o Tales of Dorime:
"Quando Dorime quando descobriu que seu irmão fora sequestrado, ele soube que só restava uma coisa a fazer… Lutar!"
O jogo Tales of Dorime foi desenvolvido pelos estudantes @udany e @joaovs98 como um demo e está disponível aqui: https://t.co/HvtHHthA27 pic.twitter.com/SrzEtO749r
— Tales of Dorime (@TalesOfDorime) February 13, 2020
A letra da música está em um tipo de pseudo-latim dizendo “Dori me / Interimo, adapare / Ameno Ameno / Omenare imperavi ameno / Dimere, dimere matiro” e por aí vai. É uma espécie de reza, um apelo transcendental, de alguém que pede para ser “libertado de toda a dor”. Precisa de uma nota alta na prova? Dorime! Que o dinheiro dure até o final do mês? Dorime! Que seu time de futebol ganhe um jogo quase impossível? Dorime neles!.